sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O dia em que me vi

 

Nunca disse uma palavra de amor

enquanto odiei o meu corpo

como dar graças ao Criador

odiando sua imagem e semelhança

dia queme vi

Como buscar a mão de um irmão

se o negro de minha alma e cor

brilhavam luzidio na sua pele

como espelho de minha negra imagem

 

Anjos e deuses eram brancos

belos, lindos e cultos

eu ser descaído mendigava

um olhar, um afago, um abraço

 

A mão que me tocasse

por mais branca que fosse

suja , imunda, desprezível se tornava

pois eu mesmo me odiava

 

Um dia rasgando meu corpo e alma

de tudo que eu sempre ouvira

surgiu o homem negro livre

da prisão onde existira

O reflexo, criado por vozes opressoras

em mil partes se quebrou

negro, burro, imundo, sem valor

ficaram cacos quebrados

 

O homem negro de punho levantado

olhou demoradamente seu irmão

não de pele mas de fé

e pela primeira vez, amou

 

Livro “ Luta pela Igualdade”

Hugo Ferreira Zambukaki