quarta-feira, 29 de junho de 2016

O pesadelo negro nos EUA

EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX

No dia histórico do discurso “eu tenho um sonho”, de Martin Luther King, panorama social é dramático a negros nos EUA

 

Há mais negros do que nunca nas penitenciárias dos EUA - Créditos: Mother Jones Twitter @bet

Há mais negros do que nunca nas penitenciárias dos EUA / Mother Jones Twitter @bet

O presidente norte-americano, Barack Obama, participa nesta quarta-feira (28/08) em Washington de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.


Penitenciárias privadas batem recorde de lucro com política do encarceramento em massa
De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.
“Negar a cidadania aos negros norte-americanos foi a marca da construção dos EUA. Centenas de anos mais tarde, ainda não temos uma democracia igualitária. Os argumentos e racionalizações que foram pregadas em apoio da exclusão racial e da discriminação em suas várias formas mudaram e evoluíram, mas o resultado se manteve praticamente o mesmo da época da escravidão”, argumenta Alexander em seu livro The New Jim Crow.


Cidade dos EUA irá prender mendigos que não saírem do centro
No dia em que médicos brasileiros chamaram médicos cubanos de “escravos”, a situação real, comprovada por estudos de institutos como o centro de pesquisas sociais da Universidade de Oxford e o African American Reference Sources, mostra que os EUA têm mais características que lembram uma senzala aos afrodescendentes que qualquer outro país do mundo.



Em entrevista a Opera Mundi, a professora da Universidade de Washington e autora do livro “Invisible Men: Mass Incarceration and the Myth of Black Progress”, Becky Pettit,argumenta que os progressos sociais alcançados pelos negros nas últimas décadas são muito pequenos quando comparados à sociedade norte-americana como um todo. É a “estagnação social” que acaba trazendo as comparações com a época da escravidão.
“Quando Obama assumiu a Presidência, alguns jornalistas falaram em “sociedade pós-racial” com a ascensão do primeiro presidente negro. Veja bem, eles falaram na ocasião do sucesso profissional do presidente como exemplo que existem hoje mais afrodescendentes nas universidades e em melhores condições sociais. No entanto, esqueceram de dizer que a maioria esmagadora da população carcerária dos EUA é negra. Quando se realizam pesquisas sobre o aumento do número de jovens negros em melhores condições de vida se esquece que mais que dobrou o número de presos e mortos diariamente. Esses não entram na conta dos centros de pesquisas governamentais, promovendo o “mito do progresso entre nos negros”, argumenta.

Segundo Becky Pettit, não há desde o começo da década de 1990 aumento no índice de negros que conseguem concluir o ensino médio. Além disso, o padrão de vida também despencou. Além do aumento da pobreza, serviços básicos como alimentação, saúde, gasolina (utilidade considerada fundamental para os norte-americanos) e transportes público estão em preços inacessíveis para muitos negros de baixa renda. Mais de 70% dos moradores de rua são afrodescendentes.

Michelle Alexander, por sua vez, critica o sistema judiciário do país e a truculência que envia em massa às prisões os negros. “Em 2013, vimos o fechamento de centenas de escolas de ensino fundamental em bairros majoritariamente negros. Onde essas crianças vão estudar? É um círculo vicioso que promove a pobreza, distribui leis que criminalizam a pobreza e levam as comunidades de cor para prisão”, critica em entrevista ao jornal LA Progresive.

Dodô Calixto

OperaMundi, 28 de Junho de 2016

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O país do SampAdeus em números

 

Num artigo de 2010 (a ideia separatista é velha) uma avaliação do que seria esse novo país em números, com as vantagens e desvantagens. A ideia surgida em 2014 após a derrota do candidato do PSDB, ressurge  em 2016 com a saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, e o aumento do xenofobismo contra imigrantes.

Casamento

O Movimento São Paulo Livre, “No dia 2 de Outubro, o SPL vai organizar um grande Plebiscito Consultivo ('Sampadeus')”.
“CONSULTA SEM VALOR LEGAL, E NÃO OBRIGATÓRIA” que montaria barracas nas calçadas. Para confundir melhor no dia das eleições municipais, perto das votação das urnas municipais. Quando os movimentos de paneleiros que agitavam a Paulista silenciam, vendo a ameaça de prisão de seu ídolo, muito estranho o surgimento de um novo movimento para arregimentar e mobilizar. Fica a pergunta quem financia e a quem serve esses movimentos?

 

Locomotiva Fepasa

“País São Paulo” locomotiva sem vagões

“A República de São Paulo

Nasceria como um país até grandinho em termos globais, com 40 milhões de habitantes (32º do mundo) e território de 248 mil quilômetros quadrados, pouco mais que o Reino Unido. A economia também seria respeitável: a 2ª economia mais forte da América do Sul, com PIB de US$ 550 bilhões - 60% maior que o da Argentina. Por essas, aliás, alguns paulistas gostam de dizer que seu estado é "a locomotiva do Brasil". E os mais radicais batem no peito dizendo que sustentam o resto do país. Mas não. Vamos por partes: São Paulo é, de fato, o estado que mais contribui em impostos para a União. Em 2008, por exemplo, pagou R$ 207 bilhões e recebeu só R$ 9 bilhões do governo federal para gastar. Uma diferença de R$ 197 bilhões. Mas isso não significa sustentar o país. Estados com PIBs bem mais magros também arcaram com déficits gordos: o Rio pagou R$ 104 bilhões a mais do que ganhou da União. O Distrito Federal, R$ 37 bilhões. Amazonas e Bahia, cerca de R$ 5 bilhões cada um. Na real, só 11 dos 26 estados ficaram no lucro, e quem ganhou mais foi o Tocantins, que pagou R$ 0,4 bilhão de imposto e ficou com R$ 2,3 bilhões. Ou seja: o país tem mais locomotivas do que vagões. E São Paulo é só uma delas. Para ter uma ideia mais clara de como seria esse novo país, temos que pesar dois pontos. Primeiro: um estado paulista independente teria quase R$ 200 bilhões a mais por ano para gastar consigo mesmo. É dinheiro suficiente para elevar os padrões de educação, saneamento e saúde a um grau de primeiro mundo, se bem aplicado. Um belo ganho. Mas a perda pode ser maior. Fazer parte de um país significa ter acesso a todo o mercado da nação sem pagar impostos. Se você planta cana em São Paulo pode vender seu etanol para os postos de gasolina do Mato Grosso, mas não para os dos EUA, que cobram taxas pesadas sobre o álcool. Se o resto do Brasil levantar barreiras assim, São Paulo teria pouco acesso ao mercado de um país que, mesmo sem seu estado mais rico, seria a 14ª maior economia do mundo. Um péssimo negócio. Para os dois lados

Dois em um
Brasil e São Paulo formariam países respeitáveis mesmo separados. Mas as perdas para os dois iriam da economia ao futebol.


POLÔNIA TROPICAL
São Paulo representa quase 1/3 do PIB brasileiro, que é o 8º do mundo, com US$ 1,6 bilhão, entre a Itália e a Rússia. Sem SP, o Brasil cairia para o 14º lugar, entre México e Austrália. A república paulista, com seu PIB atual de US$ 550 bilhões, ficaria em 18º, logo abaixo da Turquia. No quesito renda per capita, ela ficaria em 50º. Seriam US$ 13 mil anuais por habitante (como na Polônia).

PRÉ-SALINHO
As jazidas mais promissoras do pré-sal estão no litoral fluminense. Mas 1/4 dele fica em águas paulistas. Não se sabe a quantidade exata de óleo nesse quinhão. Mas, com sorte, os paulistas conseguiriam tirar algo comparável à produção atual do Brasil, de 2 250 barris por dia, o que faria do país um pequeno exportador de petróleo.

CHURRASCO IMPORTADO
A capital paulista é a cidade com mais churrascarias no mundo: são 140. O apetite carnívoro da república paulista levaria para os açougues o equivalente a 3 milhões de bois por ano. Para manter os churrascos de fim de semana, São Paulo teria de importar pelo menos 1 milhão de cabeças de gado. E o Brasil, que já é o maior exportador do mundo, ganharia um novo cliente.

PAÍS DA VITAMINA C
São Paulo é responsável por metade dos produtos industrializados do país. O novo país exportaria para o Brasil derivados de cana e frutas. A república paulista, por sinal, seria o maior produtor mundial de laranja, uma espécie de reserva global de vitamina C, que hoje exporta US$ 60 bilhões anuais de suco para o resto do mundo.

MAIS DO MESMO
O IDH, índice que avalia educação, expectativa de vida e bem-estar social dos países, varia sempre entre zero (um lixo) e 1 (perfeito). O Brasil, 75º colocado no mundo, tem 0,81 (nível Colômbia). Sem São Paulo, cairia para 0,80 (nível Colômbia). E SP ficaria com a 65ª posição (nível Colômbia). Quer dizer: não nasceria como um país de primeiro mundo.”

Alexandre Versignassi e José Francisco Botelho

Fonte: Superinteressante

São Paulo separada do Brasil, quem financia?

 

Um movimento separatista nascido em 2014 depois das eleições, onde o deputado Coronel Telhada reclamava da eleição: ¨Deputado estadual eleito em São Paulo, Coronel Telhada (PSDB) usou as redes sociais para manifestar sua indignação com a reeleição de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, que venceu o tucano Aécio Neves no segundo turno da eleição.”

Sampa Adeus

De início as considerações do deputado logo após as eleições (27-10- 2014) eram:

“Coronel Telhada fala em separar Sul e Sudeste do resto do país”

O coronel Telhada (PSDB), deputado estadual eleito em São Paulo, culpou nas redes sociais os eleitores que votaram branco, nulo ou que não votaram neste domingo (26) pela vitória de Dilma Rousseff.

A declaração foi mais amena que a publicada na noite de domingo, também em sua página no Facebook, quando Telhada disse que o Sul e o Sudeste deveriam iniciar "o processo de independência de um país que prefere esmola do que o trabalho, preferem a desordem ao invés da ordem, preferem o voto de cabresto do que a liberdade". Folha de São Paulo

Para o portal do site “Terra” era mais radical em seu pensamento separatista São Paulo deveria se separar de todo Brasil nem o sul e sudeste escapava: “O deputado estadual eleito disse estar “triste, estou muito triste” e que acha “que chegou a hora de São Paulo se separar do resto desse país”. “Que o Brasil engula esse sapo atravessado”, afirmou.

Tirando indignações do calor de quem perde eleições (2014), vemos surgir agora em 2016 um movimento chamado São Paulo Livre org., que aproveitando a saída da Inglaterra da Comunidade Europeia com o “Brexit” lançam o “SampAdeus”.

Casamento

Material do SPL com acabamento profissional

"A ação é encampada por uma organização não-governamental do Estado chamada São Paulo Livre surgido em 2014, que batizou o movimento de "SampAdeus", algo como São Paulo dizer adeus ao Brasil." Site bem organização na sua estruturação, e surge a pergunta quem paga os profissionais?

Muita gente séria, encara como brincadeira e acrescenta: “Apoio com entusiasmo e já vou fazer campanha pela Internet desde de que garantam que levam mesmo Temer, FHC, Serra, Alckmin, Tiririca, Kassab, Jair Bolsonaro & família, Pastor Marco Feliciano, João Dória, Paulo Maluf, Janaína, Paschoal, VEJA, Paulinho da Força, Alexandre de Moraes, Aloysio Nunes, FIESP & Skaf, MBL, Vem pra Rua, ITAU, Revoltados On Line, Folha, Estadão, Celso Russomano, Martha Suplicy, William Waack, William Bonner, Ratinho, família Setubal, Guilherme Leal, Guilherme Afif Domingos, Abilio Diniz, Eliana, Danilo Gentilli, Lobão, Adriane Galisteu, Silvio Santos &SBT, TV e rádio Band, deputado Fernando Máfia da Merenda Capez que levaria junto todo o PSDB paulista junto com o PP, PSD e Solidariedade. Se confirmarem, estamos juntos. ”

Realmente concordo com a brincadeira do texto, mas o que está atrás de tudo isso?

Quem financia esse movimento São Paulo Livre, que irá fazer “No dia 2 de Outubro, o SPL vai organizar um grande Plebiscito Consultivo ('Sampadeus')”.

Entendendo melhor é uma: “CONSULTA SEM VALOR LEGAL, E NÃO OBRIGATÓRIA” (Flávio Rebello – Presidente Nacional do São Paulo Livre) que montaria barracas nas calçadas. Claro que para confundir melhor no dia das eleições municipais, perto das votação das urnas municipais, e duas perguntas com resposta Sim ou Não:

1- “Você está insatisfeito com a atual representação política São Paulo na Federação?”

2- “Você gostaria que São Paulo se tornasse um país independente? “

(Informações dadas em entrevista pelo presidente nacional do SPL)

Beijo Reino Unido

Muita gente na Inglaterra votou a favor da saída do Reino Unido da União Europeia por “brincadeira para mostrar a insatisfação” e já se arrependeram com o resultado, existem mais de um milhão e setecentas assinaturas pedindo novo referendo, informa a Veja. O Reino Unido que é também formado pela Escócia (onde a permanência ganhou com 62%) está pedindo novo referendo pedindo a independência do Reino Unido.

Cunha tá

Quando os movimentos de paneleiros que agitavam a Paulista silenciam, vendo a ameaça de prisão de seu ídolo, muito estranho o surgimento de um novo movimento para arregimentar e mobilizar. Fica a pergunta quem financia e a quem serve esses movimentos?

E se São Paulo elegesse uma prefeita nordestina?  Usando a ironia: O tal país independente excluiria a cidade São Paulo?

Hugo Ferreira Zambukaki

Fontes

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1539043-coronel-telhada-critica-votos-nulos-e-defende-autonomia-dos-estados.shtml

http://noticias.terra.com.br/eleicoes/indignado-coronel-telhada-fala-em-separar-sp-do-pais,5a94b9f2ffe49410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/pedido-de-novo-referendo-sobre-saida-do-reino-unido-da-ue-supera-17-milhao-de-assinaturas

http://economico.sapo.pt/noticias/brexit-pode-levar-a-novo-referendo-pela-independencia-na-escocia-e-a-crise-na-europa_252392.html

domingo, 26 de junho de 2016

Operação Brother Sam e o Golpe de 64

Operação Brother Sam: Golpe de 64 teve apoio dos EUA.

A Operação Brother Sam foi desencadeada pelo governo dos Estados Unidos, sob a ordem de apoiar o golpe de 1964 caso houvesse algum imprevisto ou reação por parte dos militares que apoiavam João Goulart (Jango), consistindo de toda a força militar da Frota do Caribe, liderada por um porta-aviões da classe Forrestal da Marinha dos Estados Unidos e outro de menor porte, além de todas as belonaves de apoio requeridas a uma invasão rápida do Brasil pelas forças armadas americanas.

 

  • General Emílio Garrastazu Médici (Arena), à esquerda, aparece ao lado do presidente norte-americano Richard Nixon, em visita aos EUA, em 1971

    General Emílio Garrastazu Médici (Arena), à esquerda, aparece ao lado do presidente norte-americano Richard Nixon, em visita aos EUA, em 1971

A Operação Brother Sam foi um movimento da Marinha norte-americana em apoio aos militares que depuseram o governo João Goulart (PTB), no dia 31 de março de 1964, ou no 1o. de abril

Quando as tropas lideradas pelo general Olímpio Mourão Filho se deslocaram de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, na madrugada do dia 31, havia receio, por parte dos Estados Unidos, de que o golpe falhasse ou que as forças que apoiavam Goulart - inclusive militares - ensaiassem algum tipo de resistência.

Nada disso, porém, aconteceu. O golpe foi bem-sucedido e, da parte do governo, não houve qualquer tentativa de se opor aos participantes do golpe, embora o presidente tivesse sido pressionado por seus apoiadores a ter um papel mais ativo com relação ao levante. Jango, contudo, diante da vitória militar, optou pelo exílio no Uruguai.

As versões da história favoráveis ao presidente dão conta, é claro, de que sua saída do país não ocorreu por medo ou fraqueza, mas, sim, por saber que a resistência poderia levar a uma guerra civil - inclusive, com apoio norte-americano às forças insurgentes. Nesse caso, os Estados Unidos estariam prontos a participar do conflito por meio da Operação Brother Sam.

 

 

O ex-presidente João Goulart (PTB), mais conhecido como Jango, deposto da Presidência da República pelo golpe militar de 1964, na Vila Militar do Rio de Janeiro imagem: Acervo Última Hora

A presença dos EUA na política brasileira

A partir de meados dos anos 1950, o Brasil deu início a uma política externa relativamente independente dos Estados Unidos, o que não significa que o país tenha se afastado dos EUA. A presença norte-americana no Brasil, especialmente na economia, ainda era muito forte. Porém, o governo brasileiro passou a estabelecer contatos também com países que, internacionalmente, eram inimigos declarados dos Estados Unidos - caso de Cuba e da China, ambos comunistas.

Pele 72

Copa do Mundo de 1970: Pelé levanta a Taça Jules Rimet conquistada no México, ao lado do presidente Emílio Garrastazu Médici (Arena). Além da conquista da Copa, no governo de Médici ocorreu um dos períodos de maior repressão e violência da ditadura

Quando pensamos nesses acontecimentos dentro do contexto mais amplo da Guerra Fria, que opôs os Estados Unidos à União Soviética, temos, então, o pano de fundo internacional em que ocorreram os golpes militares na América Latina. Antes de uma intervenção direta, o governo norte-americano optou pela saída diplomática e pelos pesados investimentos na economia de países em que julgava haver perigo de um golpe comunista. Este era o caso do Brasil.

Marcha 64

Multidão se reúne em frente à Catedral da Sé, na região central de São Paulo, durante a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março de 1964. O movimento foi uma reação do clero conservador, do empresariado e da direita, em geral, contra as reformas do então presidente João Goulart (PTB). O presidente acabou deposto no dia 31 de março no golpe militar

Em um segundo momento, mais radicalizado, a opção foi pelo apoio a grupos civis de direita. Nas eleições de 1962, por exemplo, os Estados Unidos financiaram várias campanhas políticas de civis identificados com o governo norte-americano. Entretanto, a vitória de políticos mais à esquerda, somada a questões internas, precipitou o início da terceira e decisiva fase de participação dos Estados Unidos na política brasileira: o apoio à investida militar contra um governo constitucionalmente eleito.

Frota Broter

A Operação Brother Sam foi desencadeada pelo governo dos Estados Unidos, sob a ordem de apoiar o golpe de 1964 caso houvesse algum imprevisto ou reação por parte dos militares que apoiavam João Goulart (Jango), consistindo de toda a força militar da Frota do Caribe, liderada por um porta-aviões da classe Forrestal da Marinha dos Estados Unidos e outro de menor porte, além de todas as belonaves de apoio requeridas a uma invasão rápida do Brasil pelas forças armadas americanas.

A investida dos EUA contra regimes democráticos

A morte do presidente John Kennedy, em 1963, também representou uma inflexão na política externa dos Estados Unidos. O então secretário assistente de Estado para Negócios Interamericanos dos EUA, Thomas Mann, declararia, já em março de 1964, que "os Estados Unidos não mais procurariam punir as juntas militares por derrubarem regimes democráticos". Estava dada a senha para o golpe contra Goulart.

As articulações para o golpe, contudo, não ocorreram apenas dentro do círculo militar. A perspectiva de intervenção dominava o debate entre políticos civis desde a crise sucessória de 1961, quando à renuncia de Jânio Quadros (PTN) seguiu-se uma grave crise política contra a posse de Jango.

Diante das eleições presidenciais de 1965 e da impossibilidade constitucional para que Goulart se reelegesse, alguns políticos, temendo que o presidente pudesse dar um golpe de Estado, apoiaram a intervenção. Acreditavam que ela seria curta, como garantiria o futuro presidente Castello Branco (Arena). A ditadura, porém, durou bem mais que o planejado pelos insurgentes civis - alguns, inclusive, alcançados pela repressão do próprio regime que haviam defendido.

O deslocamento das tropas norte-americanas

Por uma questão meramente cronológica, a Operação Brother Sam, deflagrada em 31 de março de 1964, nada teve a ver com o golpe contra o governo Jango. Afinal, as tropas norte-americanas não chegariam ao litoral brasileiro a tempo. Serviriam, contudo, para intimidar qualquer forma de resistência e, caso ela de fato ocorresse, aí, sim, apoiar materialmente os militares insurgentes.

A operação consistiu no deslocamento da frota da Marinha norte-americana estacionada na região do Caribe para o litoral brasileiro. O apoio logístico em favor dos golpistas fora solicitado pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, com quem as forças insurgentes já mantinham contatos visando o suporte norte-americano à derrubada do governo Jango.

Os Estados Unidos haviam autorizado o envio de cem toneladas de armas leves e munições, navios petroleiros, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com 50 unidades a bordo, tripulação e armamento completo, um porta-aviões, seis destróieres, um encouraçado, um navio de transporte de tropas e 25 aviões para transporte de material bélico.

Nem tudo, porém, chegou a ser enviado para o Brasil; e o que foi, nem mesmo foi utilizado. Afinal, não houve qualquer resistência do governo deposto e o golpe superou em muito as expectativas militares.

educacao.uol.com.b

Vitor Amorim de Angelo

Fonte educacao.uol.com.b

  Vitor Amorim de Angelo

Pré-historia ligação continental América do Norte e a Central.

Dono do portão transoceânico: um operário olha, no dia 10 de junho de 2016, a porta flutuante nas esclusas de Água Clara do Canal de Panamá ampliado

Ampliação do Canal do Panamá revela 'afinidade norte-americana'

A revista Nature está se preparando para divulgar dados detalhados sobre o significado arqueológico do Canal do Panamá.

Segundo a Autoridade do Canal do Panamá, já foram achadas pelo menos 8.862 amostras paleontológicas durante as escavações, que duraram entre 2008 e 2012. A ACP, entidade autônoma panamenha, realizou o projeto junto com o estadunidense Instituto Smithsonian de Investigações Tropicais (STRI). A equipe íntegra 30 paleontólogos.

Os dados detalhados serão publicados pela revista Nature na sua próxima edição, informa a mídia internacional. No entanto, sublinha-se que "o tesouro é enorme". Estas palavras de Oris Rodríguez, investigador do STRI, repercutem no mundo hispano-americano:

"Imagine ter tido todos esses fósseis de animais e plantas escondidos lá, até que se abrisse uma janela de valor incalculável ao passado através do acesso às rochas do canal".

Entre as amostras, 5.377 são rochas e sedimentos e 3.485, fósseis; estes últimos se dividem em 359 de plantas, 1.511 de moluscos, 6 de equinodermos, 149 de artrópodos, 317 de tubarões, 704 de répteis e 439 de mamíferos.

Em 1 de junho de 2016 este pequeno navio estava treinando, perto da Cidade de Panamá, a navegação de navios de carga no futuro Canal de Panamá ampliado. Quase três semanas depois, houve teste no próprio canal

© REUTERS/ CARLOS JASSO

Em 1 de junho de 2016 este pequeno navio estava treinando, perto da Cidade de Panamá, a navegação de navios de carga no futuro Canal de Panamá ampliado. Quase três semanas depois, houve teste no próprio canal

Para Zuleika Mojica, membro da equipe de Proteção Ambiental da ACP, se trata de "um antes e um depois na história da paleontologia a nível mundial": os objetos achados já permitiram revisar algumas teorias científicas, insiste Mojica.

Citada pelo site Panamá América, ela afirma que a principal consequência do descobrimento é o estabelecimento de uma "afinidade norte-americana", que é um argumento que confirmaria a existência, em um passado bem remoto (22 milhões de anos há), de um ligação continental entre a América do Norte e a Central. Os períodos envolvidos se chamam Oligoceno e Mioceno: neles, houve importantes movimentos tectônicos que formaram várias paisagens contemporâneas da Terra.

Além do movimento tectônico, houve um movimento de seres vivos, um pouco mais tarde — 10 milhões de anos atrás. Cobras, tartarugas, abelhas, rãs, salamandras, peixes e outros animais migraram para o sul.

Estado atual

A ampliação do Canal do Panamá é um projeto ambicioso bastante discutido na região. Ele visa aumentar o comércio, possibilitando uma passagem mais cômoda entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Mais cedo na semana em curso, em 20 de junho, o navio grua Oceanus realizou um teste passando pelas exclusas de Cocolí. O teste foi bem sucedido, o que aumentou o orgulho e as esperanças da ACN.

Esta foto de 20 de junho de 2016 mostra a abertura de uma porta no canal do Panamá, deixando passar o navio Oceanus para fazer teste

© REUTERS/ CARLOS JASSO

Esta foto de 20 de junho de 2016 mostra a abertura de uma porta no canal do Panamá, deixando passar o navio Oceanus para fazer teste

Fonte: http://br.sputniknews.com/

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Um filme escondido da Ditadura por 25 anos

Durante a Ditadura Militar (1964 à 1985) houve sérias restrições onde tudo era proibido e censurado. A violência e agressão eram destinada aos que discordavam do regime totalitário, era a ideologia do inimigo interno, baseada na “Guerra Fria” onde o Estados Unidos em sua disputa com a União Soviética combatia e exportava sua ideologia aos países da América Latina.

Desde estimular, financiar políticos e militares para a derrubada do governo de João Goulart, até o envio de uma frota (Operação Brother Sam) com marines norte-americanos para apoio do golpe contra o governo constituído. Como não houve reação contra o golpe a frota norte-americana voltou ao Caribe.

Operação-Brother-Sam-Destroyers-Porta-Avioes

A operação consistiu no deslocamento da frota da Marinha norte-americana estacionada na região do Caribe para o litoral brasileiro. O apoio logístico em favor dos golpistas fora solicitado pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, com quem as forças insurgentes já mantinham contatos visando o suporte norte-americano à derrubada do governo Jango.

Surgiram das manifestações populares nos finais dos anos 60 grupos de resistência, alguns através da cultura para “conscientização das massas”, outros armados tentando com ações de guerrilha diminuir o poder dos militares golpistas. Líderes estudantes, sindicais, e políticos de esquerda foram torturados, mortos, tiveram que fugir do país e muitos os seus corpos estão desaparecidos até hoje.

Brasil Ame-o

Era a época das bandeiras verde-amarelas dos adesivos nos carros “Brasil ame-o, ou deixe-o”

Filmes feitos na época mostram bem como eram a forma de se opor ao regime.

Queremos citar um filme feito em 1968 e 69 "Manhã Cinzenta" por Olney Alberto São Paulo A proposta inicial de Manhã Cinzenta era que viesse a compor um projeto de um filme com três histórias. No entanto, com a apreensão de Manhã Cinzenta e a censura, o projeto foi abandonado por Olney São Paulo, ficando apenas um filme de caráter independente que, embora ficasse inédito no Brasil, ganhou muita repercussão em outros países. Exemplo desse reconhecimento e da valorização foi a premiação recebida na Alemanha, bem como as participações em festivais de Cannes, em 1970; Cracóvia, na Polônia; Viña del Mar, no Chile; Pesaro, na Itália, e em Londres.

Olney-Sao-Paulo2

Olney São Paulo

Na manhã do dia 8 de outubro de 1969, ocorre o primeiro sequestro de um avião brasileiro, por membros da organização MR-8. O avião é desviado de Cuba. Um dos sequestradores é membro da diretoria da Federação Carioca de Cineclubistas. “Manhã Cinzenta” é exibido a bordo. Olney é vinculado pelas autoridades brasileiras ao sequestro. É detido e levado para local ignorado, ficando incomunicável por doze dias. Liberado, em 5 de dezembro é internado, com suspeita de pneumonia dupla. Em 25 de dezembro, muito debilitado psíquica e fisicamente, passa alguns dias com a família e é internado novamente.

Os negativos e cópias de "Manhã Cinzenta" são confiscados. Mas uma das cópias do filme é salva por Cosme Alves Neto, então diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e ficou por vinte cinco anos escondida na Cinemateca do MAM.

Olney São Paulo morreu cedo,  com a saúde debilitada vítima de tortura em 1978, aos 41 anos.

Assista Manhã Cinzenta  Ano: 1969 - Duração: 00:22:00
Diretor: Olney Alberto São Paulo

Um golpe de estado num país imaginário da América Latina. O poder. A repressão. O filme que levou seu realizador aos porões da ditadura.

Fontes: Olney São Paulo http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/olney-sao-paulo/

Olney São Paulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Olney_S%C3%A3o_Paulo#Pris.C3.A3o_e_censura

Olney São Paulo http://www.cinecachoeira.com.br/2011/06/olney-sao-paulo/

Operação Brother Sam http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/operacao-brother-sam-golpe-de-64-teve-apoio-dos-eua.htm